Quais são as principais influências das mudanças climáticas sobre o agronegócio no Brasil e como os produtores podem se adaptar a esse cenário?
Segundo um estudo do Banco Mundial, o aumento médio da temperatura no Brasil pode ser superior a 2°C até 2050, o que pode trazer consequências negativas para a agricultura, como a redução do potencial de irrigação, o aumento da aridez do solo, a maior incidência de pragas e doenças e a alteração dos ciclos das culturas. Além disso, eventos climáticos extremos, como secas, geadas, enchentes e tempestades, podem se tornar mais frequentes e intensos, causando perdas na produção e na qualidade dos produtos.
Algumas culturas podem ser mais afetadas do que outras, por exemplo, a soja, que é um dos principais produtos agrícolas do Brasil em valor e volume, pode ter uma perda de 12,5% da área produtiva, devido ao aumento da temperatura e à deficiência hídrica. O café, outra cultura importante para a economia brasileira, pode ter uma redução de 10% a 12% na produção por causa das mudanças climáticas. Outras culturas que podem sofrer impactos negativos são o milho, a cana-de-açúcar, o algodão e as frutas.
Algumas medidas para minimizar os efeitos das mudanças climáticas
Diante desse cenário, é preciso que os produtores rurais busquem formas de se adaptar e mitigar os seus efeitos sobre o agronegócio.
- Ampliar a gestão no armazenamento de água nas fazendas, por meio de cisternas, barragens, poços e sistemas de irrigação eficientes;
- Investir mais em agrossilvicultura, que é a integração de árvores com culturas agrícolas ou pastagens, proporcionando benefícios como a conservação do solo, a regulação do microclima, a diversificação da renda e a redução das emissões de gases de efeito estufa;
- Reduzir as emissões de metano e óxido nitroso, que são gases de efeito estufa provenientes da fermentação entérica dos ruminantes e da aplicação de fertilizantes nitrogenados, respectivamente. Para isso, é possível adotar práticas como o manejo alimentar dos animais, o uso de inoculantes biológicos nas culturas leguminosas e a aplicação racional dos fertilizantes;
- Adotar uma abordagem mais sustentável do manejo da terra, por meio de técnicas como o plantio direto, a rotação de culturas, o uso de culturas de cobertura e a manutenção dos resíduos vegetais na superfície do solo. Essas práticas melhoram a qualidade do solo, aumentam a retenção de água e carbono e diminuem a erosão e a compactação;
- Ampliar o uso de biocombustíveis sustentáveis (biodiesel), que são fontes renováveis de energia que reduzem as emissões de gases de efeito estufa e podem ser produzidos a partir de oleaginosas como soja, girassol, mamona e palma;
- Diminuir as perdas até o produto chegar ao consumidor final, por meio de melhorias na infraestrutura de transporte, armazenamento e conservação dos produtos agrícolas. Isso evita o desperdício de alimentos e recursos naturais.
É um desafio para o agronegócio brasileiro, mas também uma oportunidade para inovar e se tornar mais competitivo e sustentável. Com planejamento, tecnologia e cooperação, é possível enfrentar os efeitos das mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar e o desenvolvimento do setor.
Por Agência Agrovenki
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