Todo setor produtivo do país está com as atenções voltadas para o El Niño, confirmado oficialmente pela Administração Atmosférica e Oceânica (NOOA) no mês passado, mas para Estael Sias, meteorologista da MetSul o que chama atenção é que o fenômeno se desenvolve de forma muito diferente do que os observados em 1982-1983 e 1997-1998.
Isso porque além do aquecimento do Pacífico, as águas estão superaquecidas em várias regiões do mundo, inclusive, favorecendo grandes ondas de calor atingindo vários oceanos. “Há grande anomalias positivas de temperatura do mar no Atlântico Norte, no Mediterrâneo e no Pacífico Norte”, afirma.
Comenta ainda que o Atlântico Norte, por exemplo, jamais esteve tão quente com recordes diários de anomalia de temperatura da superfície do mar desde 1º de março. A temperatura oceânica nesta parte do planeta desvia e muito da climatologia histórica neste verão setentrional, o que tem contribuído para ondas de calor atmosféricas brutais no Hemisfério Norte.
Veja a comparação do Pacífico em 1997 e as condições atuais:
Segundo a análise, o El Niño segue em atuação no Oceano Pacífico e deve persistir, pelo menos, até o início de 2024. “Os dados de temperatura da superfície do mar na faixa equatorial mostram gradual e constante intensificação do aquecimento que marca o El Niño”, afirma a publicação.
Ainda de acordo com a especialista, atualmente o fenômeno apresenta valores para ter intensidade considerada como moderado, entre +1,0ºC e +1,4ºC.
“Por outro lado, a região Niño 1+2, estava com anomalia de +3,4ºC, em nível de El Niño costeiro muito intenso junto ao Peru e Equador, aquecimento intenso na região que persiste desde o mês de fevereiro. Os valores nesta parte do Pacífico na última semana foram os mais altos em quase 40 anos”, afirma.
Os modelos indicam que o El Niño vai seguir ganhando força durante os próximos meses, e segundo Estael, a maioria dos modelos já indicam o evento climático com intensidade forte durante a primavera, enquanto algumas simulações mostram um evento com intensidade de muito forte a intenso, podendo ser configurar um Super El Niño.
“O El Niño mexe com a circulação geral da atmosfera e interfere no clima no mundo inteiro. Nas vezes passadas, falando de forma muito clara e simples, o fenômeno era o “dono do campinho”. Era ele o grande motor das alterações no clima. Quase só o Pacífico Equatorial estava superaquecido. Agora, há outros jogadores em campo, com outras partes dos oceanos do planeta também superaquecidas”, afirma a consultoria.
A consultoria ressalta que apesar das diferenças observadas neste ano, é esperado que os efeitos comecem a ser sentidos no Sul do Brasil, com mais chuva e temperatura acima da média, já no final deste inverno e com mais intensidade a partir da primavera.
“Os últimos três a quatro meses do ano podem ter grandes excessos de chuva no Sul do Brasil, em particular no Rio Grande do Sul, com enchentes e temporais frequentes, exatamente o que poderia se esperar sob El Niño e que deve estar com intensidade forte a muito forte durante o último trimestre deste ano”, finaliza.
Por Noticias Agrícolas
Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil