A informação dos investimentos faz parte do relatório mensal feito pelo Mapa, com base em informações obtidas junto às entidades registradoras dos ativos financeiros, como a Bolsa de Valores do Brasil, a B3, e órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central do Brasil.
De acordo com o boletim mensal, a Cédula do Produto Rural (CPR), por exemplo, cresceu 81% entre fevereiro de 2022 e fevereiro deste ano, passando de R$ 128,8 bilhões para R$ 232,5 bilhões.
No período, o maior crescimento em percentual foi do Fiagro, que registrou aumento de 310% no mesmo período.
Para o diretor da Bluemetrix Asset, economista Renan Silva, o governo brasileiro promoveu, nos últimos anos, uma desalavancagem de recursos oriundos dos bancos públicos na ordem de US$ 100 bilhões, e o setor privado supriu essa ausência.
“Foi uma estratégia muito clara do Paulo Guedes. No sentido de que o Estado aloca mal, então, vamos deixar o setor privado suprir a necessidade do mercado. E funcionou. Por isso que a gente vê no boletim uma elevação muito grande das colocações dos papéis tradicionais, como os CPRs, as LCAs e tudo mais”, diz.
“Isso, de certa forma, mostra a credibilidade do setor. O setor ganhou muita força ali no período da pandemia. Foi notório o aumento da demanda por alimentos mundo afora, também tivemos alta nos preços das commodities, o que motivou ainda mais a produção”, complementa.
Na avaliação do especialista, a modernização do mercado de investimento também contribuiu para o resultado, principalmente com a chegada das plataformas abertas de investimento.
Mercado de Investimento
“Hoje tem BTG, tem Oreo… você tem praticamente um supermercado de títulos ali à disposição das pessoas físicas que não tinham um acesso fácil a esses instrumentos. Ficava muito restrito ao institucional de grande porte. Então, isso também contribuiu bastante. No sentido da transferência de recursos da poupança para o agro, essas plataformas contribuíram muito para o sucesso dessas colocações e tudo isso motivou realmente o aumento dessa categoria”, explica.
Apesar das previsões otimistas de crescimento do setor, o economista aponta que o mercado ainda teme a segurança do ambiente de negócios, principalmente em relação à reforma tributária e ao novo arcabouço fiscal.
“Isso pode fazer com que a taxa de juros fique em patamares altos por um longo tempo e encarecer as emissões, o que acaba aumentando os custos para os tomadores, para os agricultores. Essa é a maior preocupação. Em uma reforma tributária, por exemplo, a gente entende e sabe que, no cômputo geral, a gente tem que ter queda de imposto, porque o imposto no Brasil é muito alto, e o governo agora está procurando aumentar a arrecadação via aumento de impostos. É uma linha totalmente contrária e isso pode atrapalhar”, afirma.
Por Canal Rural
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