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Inovações para produção sustentável do leite

6 de junho de 2023

Saiba como a Embrapa atua no aumento da eficiência dos produtores de leite e redução na emissão de GEE no Brasil. Conheça ações de grandes empresas nesse campo.
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Inovações para produção sustentável do leite

De 1970 a 2020, o Brasil teve um incremento de produção de leite de 338%, segundo dados da Embrapa. Com isso, o país saltou de décimo para terceiro maior produtor de leite do mundo. É importante destacar que esse salto de produtividade aconteceu sem que precisasse haver uma explosão no número de animais leiteiros no país, o que facilita a caminhada rumo a uma produção mais sustentável.

“Esse ganho considerável na quantidade de leite produzido no Brasil não aconteceu com aumento de gado, porque tivemos um incremento de apenas 32% de rebanho nesse mesmo período. O que levou o país a essa nova posição foi o ganho de produtividade”, destaca Elizabeth Fernandes, chefe geral da Embrapa Gado de Leite.

Além disso, o ganho de produtividade dos produtores brasileiros, segundo a executiva da Embrapa, aconteceu principalmente entre os anos 2010 e 2020. As informações foram apresentadas por Elizabeth durante o painel “Conheça Novas Tecnologias para Produção de Leite de Forma Sustentável”, da Fispal Tecnologia e TecnoCarne 2022.

Por outro lado, números de 2016 apontaram que a produtividade tem ficado concentrada em cada vez menos players. O número de produtores de leite no Brasil teve redução de 175 mil empresas em relação aos números de 2006, segundo dados do governo. O número de agentes econômicos que vivem de leite entre todas as atividades, não só de produção, teve queda ainda maior, com 297 mil menos players no mesmo período.

“Isso mostra a necessidade de ser eficiente. Temos que ser competitivos não só nacionalmente, mas ter uma forma também de sair do país, de ser um exportador de lácteo para outros grandes mercados pelo mundo. O consumo, por enquanto, está muito atrelado à renda interna, uma saída seria encontrar mercados para fazer exportação. Mas, quando estávamos caminhando na questão da produtividade, fomos atropelados pela pandemia”, lamenta a especialista.

Mais eficiência na produção de leite, menos gases de efeito estufa

A representante da Embrapa diz que, com as novas tecnologias e processos, trabalhando apenas com alimentos e nutrição, é possível diminuir até 30% de emissão de GEE (gases de efeito estufa) por quilo de leite. Quando as inovações acontecem no campo da genética, o potencial de redução de emissão desses gases chega a 40%.

“Hoje, trabalhamos muito com nutrição de precisão. Existe a BR Leite, que são tabelas nutricionais para raças leiteiras que permite agora trabalhar por raça e bioma”, o que permite comparar produtividade e emissão de gases de efeito estufa. “Isso está sendo validado em nossas câmeras, onde alimentamos as vacas e vemos a emissão por quilo de leite produzido”, explica.

Além disso, o produtor também tem à disposição um sumário com 19 raças tropicais com informações sobre genética, contemplando dados sobre quais delas emitem menos metano por quilo do produto. Além disso, os estudos indicam os animais que aproveitam melhor dietas de boa qualidade. Tem também informações sobre eficiência e longevidade, permitindo aumentar o tempo de permanência de vacas mais eficientes no sistema de produção.

Salto na produtividade de leite

O trabalho de pesquisa, desenvolvimento e inovação na produção de leite permitiu um aumento de 60% em termos de quilo de leite por lactação, passando de mais de 3 mil quilos por lactação para quase 6 mil quilos, segundo a representante da Embrapa.

Em acréscimo, a emissão de gases de efeito estufa também tem caído, o que mostra uma eficiência na produção e nas demandas sustentáveis. Houve uma redução de sete gramas de carbono por cada quilo de leite produzido, o que significa 12 quilos de metano por lactação.

Nestlé combate a emissão de GEE ao longo da cadeia do leite

A Embrapa trabalha com a Nestlé acompanhando 22 fazendas de produção de leite. Nessas propriedades, a pegada de carbono equivalente por quilo de proteína tem ficado abaixo da média de outros grandes produtores pelo mundo. “A emissão está abaixo da registrada em fazendas americanas e da Oceania. A gente tem muito a ganhar em questão de eficiência na produção e redução de emissão de GEE, mas estamos no caminho certo”, avalia Elizabeth.

Em 2021, a Embrapa Gado de Leite e a Nestlé iniciaram uma parceria chamada “Net Zero” no Brasil com o intuito de neutralizar as emissões de carbono de suas operações até 2050, já prevendo uma redução de 20% até 2025 e 50% em 2030.

A parceria contemplou:

  • Plano de adequação para conversão de 20 propriedades leiteiras em produção “Net Zero” em diversos biomas e sistemas de produção;
  • Cursos de capacitação presenciais e à distância (EAD, vídeos e podcasts) sobre práticas para mitigação da emissão de carbono e adoção de agricultura regenerativa na produção de leite;
  • Transformação de dois sistemas de produção da Embrapa (confinamento e pasto) em carbono neutro e estímulo à criação de soluções inovadoras por greentechs e cleantechs, focadas nos desafios da conversão.

Esses 20 pequenos e médios proprietários que produzem leite e estão no quadro de fornecedores da Nestlé (no Paraná, São Paulo, Goiás e Minas Gerais) receberam recomendações técnicas e o acompanhamento da evolução do processo de adequação “Net Zero”.

Além do trabalho de analisar os cenários da fazenda, o processo é validado, garantindo que os gases em questão foram, de fato, neutralizados. “Outro ponto importante é que dessa parceria vai se originar o primeiro grupo de especialistas em pecuária leiteira de baixo carbono do Brasil”, explica Bárbara Sollero, gerente de Fornecimento de Leite ESG da Nestlé.

Além da Embrapa, a consultoria WayCarbon ajudou a Nestlé a criar processos eficientes para descarbonização em toda a cadeia. O programa Boas Práticas nas Fazendas, outro tocado pela gigante de alimentação, foi iniciado há 15 anos e acelerado recentemente.

A iniciativa auxiliou 1.500 produtores parceiros para produção de leite de qualidade, com a evolução para uma pecuária de baixo carbono. Isso porque a empresa entendeu que 30% das missões vinham da cadeia de produção do leite.

“Estamos lutando por um futuro mais sustentável, rumo a um planeta mais saudável, uma sociedade mais forte e uma economia próspera”, disse Steve Presley, presidente e CEO da Nestlé Estados Unidos. “É por isso que estamos desenvolvendo nosso trabalho existente para definir metas ambiciosas que farão uma diferença real e continuamos procurando maneiras novas e inovadoras de alcançá-las em nosso mercado”, conclui.

Danone investe em agricultura regenerativa

Visando a neutralidade de carbono até 2050, a Danone Brasil aposta no Projeto Flora, pioneiro em agricultura regenerativa. A empresa tem investido R$ 1 milhão por ano em ações que apoiam e capacitam pequenos a grandes produtores leiteiros, para aplicação de novas técnicas de produção de leite mais sustentável.

O foco está em práticas consolidadas como: manejos de solo e dejetos, recuperação de áreas degradadas e a integração lavoura pecuária floresta (ILPF). Assim, o projeto visa a transformação em todos os sistemas produtivos de leite.

“Nossa aposta é expandir a aplicação da agricultura regenerativa em nossa cadeia de fornecimento, capacitando parceiros e abraçando novos modelos de produção para conseguir transformar em larga escala a maneira como os nossos produtos são produzidos, agregando mais qualidade e benefícios para as pessoas e para o planeta”, afirma Henrique Borges, Diretor de Compras de Leite da Danone Brasil.

Atualmente, o programa conta com 33 fazendas no sul de Minas Gerais, que somam mais de 1.400 hectares e são responsáveis por 14% do volume de leite diário que é fornecido para a Danone. Com isso, a expectativa é atingir uma redução de emissão de carbono de mais de 10% em relação aos dados de 2020.  

Segundo a empresa, o objetivo não é apenas contribuir para as metas climáticas, mas redesenhar processos em todo o ecossistema produtivo e fomentar mais eficiência e rentabilidade no campo.

“Já temos um histórico de bons resultados nessa frente desde 2019, com nosso Projeto Flora, que comprovou que uma produção sustentável, além de garantir a preservação do meio ambiente e bem-estar animal, gera um aumento na produtividade três vezes maior que a média do Brasil”, completa Borges.

Por Food Conection

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