Estações de alimentação inteligentes e balanças de precisão, na granja, associadas ao uso de chips com tecnologia RFID, dão autonomia para que os porquinhos se alimentem, sozinhos, nas baias, nos horários e nas quantidades e nutrientes corretos.
Essa é a realidade no Núcleo de Estudos em Produção de Suínos (Nepsui), granja instalada no Instituto de Ciências Agrárias, do campus UFMG em Montes Claros. Essa semana, o local recebeu Certificação Internacional em bem-estar animal. A unidade é a primeira granja experimental das Américas e a terceira de produção do Brasil a conquistar o selo. Um feito e tanto.
“Nossa granja é considerada uma das mais modernas da América Latina, em termos de tecnologia e estudos desenvolvidos buscando entender, diretamente, o metabolismo dos animais”, disse o coordenador do projeto e professor de Zootecnia, Bruno Silva
Dessa forma, segundo ele, é possível ter animais cada vez mais produtivos, eficientes e tolerantes a desafios sanitários. A estação de alimentação inteligente funciona assim: cada animal recebe um chip. Cada vez que ele acessa a estação de alimentação, um programa de modelos matemáticos no computador é acessado e esse modelo sabe exatamente o que e em qual quantidade aquele animal tem que comer.
Quem faz o manejo dos animais são os acadêmicos do curso de graduação e pós-graduação em Zootecnia e, de acordo com Bruno, eles são orientados a tratar os animais com todo carinho e respeito, que, certamente, também interfere
Unidade de ciclo completo na granja
Trata-se de uma unidade de produção de ciclo completo, ou seja, no local são trabalhadas todas as fases do animal, desde a inseminação da porca, ao nascimento do leitão, crescimento e abate.
Além da autonomia na alimentação, o sistema oferece condições para que os pesquisadores compreendam e atendam às demandas diárias dos animais, o que ajuda a melhorar os índices reprodutivos, imunológicos e de bem-estar. Todo o processo é monitorado por câmeras.
A auditoria, que resultou na certificação denominada FairFood, foi realizada, em novembro, por entidade certificadora, acreditada pela International Accreditation Forum (IAF), órgão internacional que regula as atividades desse tipo de organismo.
IA para facilitar o desmame
O mais recente investimento do Núcleo é o Laboratório de Inteligência Artificial para Suínos (Liasui). O espaço é ocupado por leitões em desmame (dos 24 aos 70 dias de idade), e ali se analisa o comportamento dos animais nesse período considerado crítico, de elevado índice de estresse, devido à separação do animal da mãe e à mudança de alimentação do leite para a ração.
O sistema é formado por máquinas do sistema de alimentação interligadas a quatro câmeras de inteligência artificial, que monitoram os animais 24 horas por dia e traduzem as informações em imagens e gráficos.
“Na América Latina, somos não apenas o único centro de pesquisas, mas a única unidade de produção de suínos que detém essa tecnologia. Ela possibilita identificar o comportamento alimentar do leitão em tempo real e o crescimento dele praticamente de hora em hora”, explica Bruno.
“O laboratório nos coloca na vanguarda da pesquisa com a nutrição de suínos, principalmente nas primeiras idades, e possibilita que possamos dimensionar o potencial dos avanços e das estratégias nutricionais no desempenho dos animais nessa fase do seu desenvolvimento e até nas etapas seguintes de suas vidas”, analisa o coordenador.
Parceria público-privada
O Liasui foi montado por meio de parceria com a empresa Adisseo, especializada em nutrição animal, que doou equipamentos. De acordo com o professor Bruno Silva, a parceria existe há cerca de oito anos, e muitas das tecnologias desenvolvidas na granja foram fomentadas no passado por meio de pesquisas com a própria Adisseo.
(*) Com informações da UFMG
De Itatiaia
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