Na esteira desse crescimento, os Fiagros superaram a marca de 500 mil investidores no final de fevereiro, de acordo com boletim mensal da B3 sobre o produto.
Segundo Guilherme Sharovsky, analista da Bloxs Capital Partners, um dos highlights positivos neste ano está sendo a normalização de setores do agronegócio que estavam estressados. Na última semana, a China anunciou a habilitação de 38 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina, de aves e suína para lá, registrando o maior número de plantas autorizadas de uma só vez na história.
“Além disso, temos notícias animadoras em resultados do primeiro bimestre em relação a produção de grãos, não só soja, mas milho. Essas são algumas situações de curto-prazo que consequentemente vão contribuir para um melhor desempenho dos Fiagros”, diz Sharovsky.
O analista da Bloxs Capital também destaca o interesse de investidores de pessoas físicas com as emissões de Fiagros. “As emissões de Fiagros se mantiveram estáveis, tivemos uma explosão no ano passado. Portanto, continuam sendo uma opção de investimento buscadas por investidores institucionais e positivos”, explica.
A a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgou que os Fiagros tiveram captações líquidas de R$ 20,5 milhões em janeiro.
Sobre a inadimplência que afetou o setor, Gustavo Branco, analista da Suno Asset, o aumento de recuperação judicial apresentado por alguns produtores ou empresas é algo proporcionalmente pequeno dentro do mercado de agronegócio como um todo.
Sharovsky reforça o entendimento, afirmando que os fundos middle-risk e high yield foram os mais impactados, principalmente por empresas de médio-porte. Por outro lado, grande parte das operações que deram problemas tinham garantias reais, informa o analista.
“As expectativas futuras são positivas, visto que os Fiagros são muito versáteis e têm o potencial de liberar ainda mais investimentos para o setor, tornando o agronegócio uma oportunidade atrativa de investimento,” afirma Amanda Coura, também analista da Suno Asset.
Setor agro é resiliente e tem vantagens competitivas, diz Suno Asset
Sobre os desafios, o agronegócio brasileiro, atualmente, está em alerta devido à quebra de safra causada pelo El Niño e aos baixos preços das commodities.
A safra de grãos de 2023/24 deve ter uma redução moderada, mas com aumento previsto na produção de soja, apesar da queda na produtividade por hectare.
“É crucial destacar que, apesar desses desafios, o setor agro brasileiro possui vantagens competitivas em relação aos demais players globais e demonstra grande resistência diante das adversidades. Portanto, é provável que a safra 2023/24 não atinja recordes de produção, mas também está longe de ser catastrófica”, diz comunicado da Suno Asset.
A safra de milho, no entanto, deve ser mais impactada, com uma redução de até 11% na produção devido às condições climáticas adversas.
Embora os preços das commodities estejam baixos, a maioria dos produtores deve superar esse momento. O aumento no número de pedidos de recuperação judicial para produtores rurais em 2024 representa apenas uma pequena fração dos produtores.
O que o investidor precisa avaliar?
De acordo com Vítor Duarte, CIO da Suno Asset, o investidor precisa olhar os ativos que os fundos carregam, associando a taxas com o maior grau de risco.
“O investidor deve estar ciente de que uma taxa mais alta está associada a um maior risco. É importante escolher fundos que possam lidar bem com períodos de turbulência. Alguns Fiagros enfrentaram problemas com Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) devido à compra excessiva de risco, enquanto os Fiagros mais conservadores se saíram melhor durante a crise”, explica Duarte.
“O SNAG11, Fiagro da Suno, em momento de baixa cotação da commodities, chuvas altas e irregularidades, passou bem, mostrando que superou o teste de stress. Em momentos de bonanças, a chance de problema é menor”, acrescenta Duarte.
“Todos esses fatores são voláteis. Para atenuar isso, a estratégia da gestora com o SNAG11 (Fiagro da Suno Asset) foi buscar parceiros sólidos, robustos e que tenham excelente governança, exatamente para poder navegar nesse cenário,” explica Branco sobre o fundo
Para Sharovsky, o investidor precisa estar atento à reforma do segmento de proteína animal e quais Fiagros estão expostos a esse segmento. E sobre os riscos, acompanhar se o La Ninã terá um impacto maior que o previsto para empresas de médio porte do setor de grãos.
A Guide aponta que o cenário de risco de quebra de safra faz com que fundos muito concentrados em alguma região ou cultura ofereçam maior risco. Portanto, a gestora recomenda que as melhores opções são fundos maiores, mais diversificados, tanto em termos geográficos como em termos de indexadores e produtos agrícolas envolvidos.
“É importante, no entanto, ter cuidado ao investir, buscando operações com uma relação positiva de risco/retorno, garantias adequadas e estruturas bem elaboradas, a fim de evitar riscos desnecessários. Com atenção a esses aspectos, o setor oferece ótimas opções de investimento”, diz Coura.
‘Burburinho’ do mercado pode fazer surgir boas oportunidades no agro
Para Branco, alguns Fiagros estão sendo precificados mais baixo devido às dificuldades enfrentadas. No entanto, os investidores podem buscar fundos bem posicionados em termos de risco, pois este pode ser um momento para aproveitar a turbulência do mercado e adquirir ativos de qualidade com descontos.
Segundo Amanda Coura, analista da Suno Asset, o setor agropecuário continua apresentando um potencial de crescimento significativo e crescente, demandando investimentos substanciais para sustentar sua expansão. Com os investimentos bancários cada vez mais restritos e não acompanhando o ritmo de crescimento do setor, o mercado de capitais continuará sendo crucial para suprir essa demanda.
Neste contexto, os Fiagros, uma categoria criada em 2021 e que já soma mais de 25 bilhões em patrimônio, devem desempenhar um papel fundamental no suporte ao setor agropecuário.
SNAG11 tem melhor risco/retorno do segmento
O SNAG11 aparece com a melhor relação entre risco e retorno dos 10 maiores Fiagros da história em patrimônio, considerando as métricas do Índice de Sharpe calculadas pela Economática.
O Fiagro SNAG11 registrou um Sharpe de 0,71, superando em 57,78% o segundo colocado, RURA11, quando foram calculadas a métrica em 2023.
Além disso, dados da Agro Score da Serasa Experian, que indicam a probabilidade de inadimplência de um produtor rural pessoa física, mostram que o fundo manteve equilíbrio sólido entre risco e retorno. Cerca de 85,4% do portfólio do fundo tem um risco ESG baixo.
“SNAG11 é voltado a longo prazo, então o fundo é um excelente investimento a longo prazo, construímos o fundo para isso, com a estratégia de risco/retorno adequada”, conclui Branco.
Fiagros têm captação líquida de R$ 20,5 milhões em janeiro
Os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) registraram captação líquida de R$ 20,5 milhões em janeiro
Os dados sobre o mercado de Fiagros foram divulgados nesta quarta-feira (21) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O patrimônio líquido dos Fiagros agora é de R$ 34,4 bilhões, uma alta de 42,1% ante janeiro de 2023.
A maior parcela da indústria segue com o tipo Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), com R$ 17,1 bilhões.
A Anbima informa ainda haver 96 fundos e 690 mil contas que investem em Fiagros.
“Os dados mostram uma evolução rápida e positiva dos Fiagros. O produto deve continuar a desempenhar um papel importante no financiamento do agronegócio e a oferecer aos investidores ainda mais oportunidades de diversificação da carteira com a iminente normatização do Fiagro multimercado pela CVM Comissão de Valores Mobiliários após o encerramento da consulta pública”, afirmou Sérgio Cutolo, vice-presidente da Anbima, em nota.
Por Suno
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