O feijão carioca, uma das variedades mais consumidas no Brasil, não tem o mesmo sucesso no exterior. Pensando nisso, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná lançou, na última semana, uma nova variedade desenvolvida para tentar aumentar as exportações: o feijão cardeal.
O feijão cardeal é um feijão com grãos graúdos e é resultado de 14 anos de cruzamentos e pesquisas do IDR com experimentos em 28 cidades do estado.
Elton Passos foi um dos agricultores que foram conhecer essa nova variedade de feijão vermelho no centro de pesquisa do IDR em Pato Branco, sudoeste do estado. Ele representa uma cooperativa de 27 produtores familiares de Coronel Domingos Soares, também na região.
“Esses feijões com cores diferenciadas, com potenciais novos de sabores, estão sendo bastante utilizados. É um mercado bem crescente, então vale a pena começarmos a olhar com carinho para isso”, explica.
A doutora Vânia Moda Cirino, diretora de pesquisa do Instituto, foi a pesquisadora responsável por essa e outras 38 variedades de feijão já lançadas pelo IDR no estado, que contribuíram para que o Paraná chegasse ao patamar de maior produtor nacional de feijão.
Ela explicou que os feijões especiais são uma opção para os agricultores conseguirem agregar valor à plantação.
“O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de feijão, produzindo anualmente em torno de 3 milhões de toneladas. Entretanto, 70% da nossa produção é do tipo comercial carioca. Esse tipo carioca é consumido especificamente pelos brasileiros”, afirma.
“Então, nesse sentido, focado em desenvolver variedades que pudessem agregar valor ao produto e também à conquista de novos mercados, é que nós começamos em 1998 essa linha de pesquisa em feijões do grupo especial”, diz.
Segundo a pesquisadora, a nova variedade tem alto potencial de rendimento dentro do grupo, chegando a cerca de 3.700 kg por hectare. A nova cultiva 100% paranaense também se destaca por uma característica importante para a exportação.
“As variedades hoje que estão aí no mercado, os grãos, durante o processamento e no cozimento, o grão desbota, ele entra vermelho e sai branco. Essa variedade não. Ela se destaca pela persistência da coloração do tegumento do grão. Você coloca esse feijão de molho vermelho, ele continua vermelho, coloca na panela vermelho e cozido, mantém a coloração vermelha”, explica.
Hoje, as lavouras do Paraná são ocupadas na maioria por feijão carioca e feijão preto. A cada ano, a área de plantio vem diminuindo.
“Não temos temores quanto a desabastecimento. O movimento que percebemos é estamos comendo menos feijão. O consumo per capita caiu bastante nas últimas décadas, de cerca de 20 kg para menos de 15 kg por pessoa por ano. É fruto da mudança de hábitos alimentares, como comer mais fora de casa”, disse o secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara.
Durante o lançamento da nova variedade de feijão, o secretário disse ainda que, enquanto o mercado se encarrega de avançar na tecnologia de grãos mais lucrativos, como a soja, a pesquisa pública precisa se esforçar para garantir os alimentos essenciais – e que os feijões especiais aparecem como uma nova oportunidade.
Segundo o IDR, o feijão vermelho tem ciclo médio de 78 dias e alto teor de proteína, além de bom desempenho no campo – e promete fazer sucesso também na cozinha.
Zenair Raulino, cozinheira do Instituto há cinco anos, contou como foi trabalhar com o feijão vermelho.
“O cozimento é bem fácil. E para o tempero: cheiro verde, salsinha, cebolinha, cebola de cabeça, bacon…”, orienta.
Por: G1 Paraná RPC
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