As exportações brasileiras de produtos do agronegócio bateram recorde de janeiro a setembro deste ano. Os embarques somaram US$ 126,22 bilhões, crescimento de 3,6% na comparação com o mesmo período em 2022. As vendas de soja em grão e milho foram as que mais contribuíram para o desempenho. Apenas em setembro, as vendas externas foram de US$ 13,71 bilhões, valor que correspondeu a quase metade — 48,2% — dos embarques brasileiros.
De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa), o resultado não foi maior por causa do recuo do índice de preços dos produtos exportados. Por outro lado, a safra recorde de grãos na safra 2022/2023 possibilitou aumento de volume exportado pelo Brasil.
O crescimento das exportações do complexo soja-biodiesel foi uma tendência na última década.
Em 2022, o valor exportado atingiu US$ 61,3 bilhões, representando 38% das exportações do agronegócio nacional. O principal destino é a China, que absorve, desde 2013, mais da metade do valor exportado — 52,61% em 2022. A partir de 2019, porém, os chineses reduziram a dependência da soja brasileira, importando mais do Sudeste Asiático, da África e do Oriente Médio.
Também se destacaram como destinos do complexo soja, em 2022, União Europeia (14,51%), Sudeste Asiático (10,09%) e Oriente Médio (7,49%).
Mercado interno
Embora as exportações sejam relevantes para o saldo comercial, um volume significativo da produção abastece o mercado interno. Em 2022, a relação exportação versus produção foi de 61% para a soja em grão, 53% para o farelo de soja e 26% para o óleo de soja.
Segundo Jean Marc Sasson, cofundador e diretor jurídico da Atmmos, startup de compensação socioambiental para empresas, a composição do agronegócio passou por mudanças importantes nos últimos anos, pois além de maior produtor mundial de soja, o Brasil passa a se destacar em outros produtos, como milho e algodão.
“Sem o agronegócio, a balança comercial brasileira não ficaria superavitária nos últimos anos”, assinalou, observando que “ainda somos eminentemente exportadores de commodities, em vez de produtos manufaturados e acabados com maior valor agregado”.
Pauta verde
Avaliando as tendências para o setor, o especialista não enxerga um futuro para o agro sem se aliar à pauta verde, e destacou a experiência nacional na produção de combustíveis renováveis. “O Brasil já vem desde a década de 1970 (quando foi criado o Programa Nacional do Álcool) com uma tradição muito forte de biocombustíveis. Essa experiência, com certeza, ajuda, principalmente na matriz energética e nas exportações brasileiras, que enfrentam um grande escrutínio, principalmente europeu, na importação de produtos com baixa pegada de carbono”, avaliou.
Sasson mencionou o RenovaBio, iniciativa do Ministério de Minas e Energia (MME) lançada em 2016, com bem-sucedidas experiências na expansão da produção de biocombustíveis. Mais recentemente, o governo abriu outra frente com o projeto Combustível do Futuro, lançado em setembro. Ele alertou, porém, para a necessidade de compensações no setor. “O agronegócio precisa avaliar, principalmente, questões ligadas a desmatamento e identificar os passivos ambientais, com suas devidas proporções e exigências regulatórias”, disse.
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