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Excesso de chuvas no RS vai afetar produtividade do trigo e da cevada

29 de setembro de 2023

Qualidade do cereal usado na panificação também pode sofrer; precipitações podem ainda adiar a semeadura da soja e do arroz no Estado
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Excesso de chuvas no RS vai afetar produtividade do trigo e da cevada
Umidade dificulta controle de doenças nas lavouras de trigo, como a brusone e a giberela — Foto: Ezequiel Castioni

O excesso de chuvas no Rio Grande do Sul nas últimas semanas deve afetar a qualidade e a produtividade de culturas de inverno como trigo e cevada na atual safra. Além disso, também pode adiar o plantio de arroz e de soja no Estado.

A situação mais complicada é do trigo. Em relatório recente, a Emater-RS informou que já há perda de potencial produtivo em algumas regiões, devido às chuvas na primeira quinzena do mês.

“A principal questão [para as lavouras de trigo] são as doenças, como a brusone e a giberela, que foram favorecidas pela condição de clima úmido. Essas doenças vão afetar fortemente a produtividade”, disse Alex Berlezi, técnico da Emater em Inhacorá.

A brusone e a giberela são as doenças que mais geram prejuízo para o trigo no Rio Grande do Sul, e chegaram às lavouras da Agropecuaria Ângelo Castioni, do município de Colorado, que semeou 153 hectares neste ano.

“O início do plantio foi muito bom, o melhor ano em termos de sanidade. Mas com as chuvas de setembro, não houve intervalo para aplicação de fungicidas, e a presença da giberela foi crescendo. E com os prognósticos de clima para outubro, a presença da doença deve aumentar”, disse à Globo Rural, Ezequiel Castioni.

Com isso, a previsão para o rendimento, que no início da semeadura era de até 75 sacas por hectare, caiu para 50 sacas.

“Agora não há mais perspectiva de lucro, a safra vai fechar no vermelho. Apostei em cultivares mais resistentes à brusone e à giberela e também na semeadura tardia, caso contrário, o prejuízo seria maior”, disse.

Em Ijuí, principal município produtor do Estado, a giberela ainda não comprometeu a produção em 20 mil hectares, afirma Luiz Eickhoff, presidente do Sindicato Rural de Ijuí. “Temos alguns defeitos nas lavouras, mas também há previsão de sol para as próximas semanas, que poderá reverter o quadro geral de perdas”, avaliou.

Segundo ele, é cedo para estimar uma produtividade, mas ele acredita que fique entre 50 e 55 sacas por hectare, na comparação com a média histórica de 60 a 70 sacas.

As principais regiões produtoras de trigo apresentam alta umidade do solo, de acordo com Hamilton Jardim, coordenador da comissão de trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Assim, disse, o rendimento do trigo pode realmente ser menor que o inicialmente esperado. No entanto, ponderou que ainda é cedo para quantificar o desempenho dos cultivos.

“A safra terá problemas. A janela de colheita deve encurtar neste ano, mas só com a finalização dos trabalhos será possível mensurar as perdas”, observou.

Nas estimativas da Emater, a produção de trigo no Rio Grande do Sul deve atingir 4,5 milhões de toneladas neste ano, recuo de 14% em relação a 2022.

Clima também deve afetar produção de cevada

A produção de cevada no Estado também deve sofrer com as doenças fúngicas, como a giberela. Jardim, da Farsul, disse que deve haver quebra na safra de cevada, estimada em 112,8 mil toneladas pela Emater, projeção que já está 21% abaixo da colheita do ano passado.

“A giberela é de difícil controle, pois grande parte dos produtos tem um índice de eficácia muito baixo. Soma-se a isso o fato das ações preventivas não estarem acontecendo”, destacou Jardim.

Os produtores gaúchos também podem se deparar com problemas para o novo ciclo de soja. A partir de 1º de outubro, algumas regiões do Estado estarão aptas a iniciar a semeadura. Mas o excesso de umidade deve prejudicar o início dos trabalhos, disse Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS).

“Após duas safras de perdas nas lavouras, o El Niño estimulou o plantio de soja neste ano. Mas nem o mais pessimista imaginava que ia ter tanta chuva. As previsões para os próximos meses indicam ainda muita precipitação, e chuvas de 200, 300 mm não ajudam lavoura nenhuma”, lamentou Pires.

Nos prognósticos do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Rio Grande do Sul (Copaaergs), as chuvas devem ser mais frequentes pelos próximos três meses. O clima deve seguir sob influência do El Niño até o verão de 2024.

Por Globo Rural

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