A busca por alternativas energéticas sustentáveis tem sido uma das principais pautas no cenário global e diante das crescentes mudanças climáticas e da necessidade urgente de redução de emissões de carbono, a América Latina surge como um protagonista promissor, conforme revela um estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Conduzida pelo Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) em colaboração com a Força Tarefa de Descarbonização do Transporte da Agência Internacional de Energia, a pesquisa coloca países como Brasil, Argentina, Colômbia e Guatemala no centro das discussões.
Isso porque, em comum, eles têm uma rica biodiversidade e vastas áreas agricultáveis, demonstrando potencial para liderar a produção de biocombustíveis de maneira sustentável.
Nesta corrida, o Brasil dispara em primeiro lugar. Segundo o diretor da Fenasucro & Agrocana, Paulo Montabone, o etanol produzido por aqui é um exemplo.
“É um produto ecologicamente correto, capaz de diminuir a emissão de gás carbônico e transformar o futuro das próximas gerações em um futuro mais saudável”.
O estudo ainda destaca que, mais do que uma alternativa energética, os biocombustíveis representam hoje uma solução viável para a redução significativa das emissões de gases de efeito estufa, combatendo diretamente o aquecimento global.
A produção de biocombustíveis não é considerada apenas uma solução energética, mas uma oportunidade para promover desenvolvimento econômico, inovação e sustentabilidade em toda a região.
“O Brasil é um dos maiores produtores de biocombustíveis no mundo, produz anualmente cerca de 30 bilhões de litros de etanol e cerca de 7 bilhões de litros de biodiesel. As principais matérias primas utilizadas na produção desses biocombustíveis são a cana-de-açúcar, responsável por 90% da produção de etanol do país, e a soja, responsável por 75% da produção de biodiesel do país”, diz Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia.
O potencial das terras de pastagem
Uma das revelações mais impactantes do estudo é o potencial inexplorado das terras de pastagem na América Latina.
De acordo com os pesquisadores, se cerca de 5% dessas terras fossem convertidas para o cultivo de cana-de-açúcar e outras biomassas, a produção de biocombustíveis poderia dobrar.
Esta proposta não apenas maximiza o uso da terra, mas também promove uma transição para práticas agrícolas mais sustentáveis.
Além disso, o estudo aponta que a conversão dessas terras não comprometeria áreas de preservação ambiental ou terras destinadas à produção de alimentos, equilibrando produção energética e conservação.
Plantação de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, SP — Foto: Sergio Oliveira/EPTV
Políticas públicas e economia de baixo carbono
A implementação de políticas públicas eficazes, ainda de acordo com a pesquisa, é fundamental para o avanço da produção de biocombustíveis.
O estudo sugere que governos devem considerar estratégias voltadas para uma economia de baixo carbono, incentivando a produção e consumo de biocombustíveis.
O etanol e o biodiesel, por exemplo, são economicamente viáveis, mas sua produção e preço podem ser impactados pelas flutuações nos custos das matérias-primas.
Portanto, políticas de incentivo e subsídios podem ser cruciais para garantir a estabilidade do mercado.
Ainda segundo Montabone, existe uma necessidade de integrar as indústrias de base às normas de sustentabilidade.
Ele afirma que não adianta cobrar a usina que produz etanol se não houver uma indústria de base sustentável.
“Trata-se de um circuito fechado, quanto mais empresas ecologicamente corretas, mais o setor se engrandece e menos emissão de gás carbônico a gente tem no planeta. E quando a gente conseguir fechar esse circuito industrial, vamos ter a indústria mais sustentável do planeta”.
Hidrogênio verde: a alternativa à eletrificação dos veículos
O estudo da FAPESP não se limita aos biocombustíveis tradicionais. Uma das descobertas mais inovadoras é o potencial do hidrogênio verde, produzido a partir do etanol. Este composto surge como uma alternativa promissora à eletrificação dos veículos.
Ao invés de depender exclusivamente de baterias e eletricidade, o hidrogênio verde pode ser utilizado em veículos, aproveitando a infraestrutura de reabastecimento já existente.
Esta solução não apenas diversifica as opções de energia limpa, mas também facilita a transição para tecnologias mais verdes.
Estudo sugere que governos devem considerar estratégias voltadas para uma economia de baixo carbono —
Por G1
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