O Brasil deu um novo passo na pesquisa e desenvolvimento das aplicações para o hidrogênio verde com a inauguração, em Minas Gerais, do primeiro Centro de Hidrogênio Verde (CH2V) do país. O hidrogênio verde tem despertado grande interesse no mundo inteiro em meio ao processo de transição para um economia global sustentável e descarbonizada.
O destaque no setor são a amônia e hidrogênio verde, o que colocou o território capixaba na mira da Petrobras para implantação de polo gás-químico.
A professora Sonia Maria Dalcomuni, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que o hidrogênio verde é produzido por meio de processos de eletrólise da água, utilizando eletricidade gerada a partir de fontes de energia renovável, como energia solar, eólica, hidrelétrica ou biomassa. E é considerado “verde” porque não gera emissões líquidas de carbono ou outros poluentes durante a produção, tornando-o uma fonte de energia limpa e sustentável.
O hidrogênio verde está ganhando destaque como um recurso essencial para tornar a agricultura mais sustentável. A produção de fertilizantes químicos, necessário para o aumento da produtividade agrícola, é altamente dependente de combustíveis fósseis, resultando em emissões significativas de gases de efeito estufa. No entanto, o hidrogênio verde oferece uma alternativa ecológica.
Com a produção a eletricidade é aplicada à água, dividindo-a em hidrogênio e oxigênio. O hidrogênio resultante pode ser usado como uma forma de armazenamento de energia ou como combustível em uma variedade de aplicações, como transporte, geração de energia, indústria química e muito mais.
Visto como uma solução promissora para alcançar metas de descarbonização, com o hidrogênio verde é possível aproveitar as fontes de energia renovável disponíveis.
Dalcomuni afirma que há muito ainda a se caminhar no quesito de energia eólica e solar. Há um foco em aumentar a produção e as características de produção verde no Brasil, inclusive com um congresso para produção de hidrogênio verde, manutenção e fortalecimento do agronegócio brasileiro.
Energia renovável – hidrogênio verde
A principal diferença entre o hidrogênio verde e outras formas (como cinza, azul ou marrom) está na fonte de energia utilizada para produzi-lo. Enquanto o verde é considerado uma fonte de energia limpa, o cinza é produzido a partir de gás natural com emissões de carbono, o hidrogênio azul é produzido a partir de gás natural com captura e armazenamento de carbono, e o marrom é produzido a partir de carvão, gerando emissões substanciais de carbono.
O professor Marcelo Suzart de Almeida, também da Ufes, explica que a síntese de amônia, que é a base para a produção de diversos fertilizantes nitrogenados (ureia, sulfato de amônio e diversos nitratos) envolve a combinação de nitrogênio da atmosfera com hidrogênio (H2) sob alta pressão e com o uso de catalisadores apropriados.
De acordo com Suzart, dentre as vantagens da amônia verde, o produto do hidrogênio verde para a produção de fertilizantes já foi destacado quanto à sustentabilidade ambiental, pelo uso de energia renovável para sua produção.
“Uma alternativa promissora é a produção de amônia verde, que utiliza energia
renovável, como solar, eólica e hidroelétrica, em vez de fóssil. Nesse caso, o H2 necessário para a síntese da amônia é obtido por meio da eletrólise da água, utilizando eletricidade gerada de forma renovável”, declara ele.
O professor informa que a amônia é uma substância química com a fórmula NH3, composta por um átomo de nitrogênio (N) e três átomos de hidrogênio (H). “Outra forma de uso da amônia, e acredito ser uma das mais importantes na questão energética, é o transporte do hidrogênio verde como amônia verde que pode ser liquefeita a -33ºC ou submetida a baixas pressões”, afirma ele.
E, para um mesmo volume, a amônia verde contém 50% mais conteúdo energético que o hidrogênio líquido que é necessário resfriá-lo a -253ºC, o que significa gastar um terço da energia no processo de liquefação.
“Observando o Valor Bruto da Produção Agropecuária no Brasil de 2022 que fechou em R$1,189 trilhão, com o uso de fertilizantes nitrogenados neste período de 37,72 milhões de toneladas, sendo que 86% desse volume foi importado, é possível compreender que a produção da amônia verde no Brasil é uma questão de segurança alimentar econômica para o Brasil”, finalizou ele.
Por ES Hoje
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