A família Vitorino, de Bom Retiro, obteve alta produtividade na colheita de dois cultivares de feijão-preto desenvolvidos pela Epagri. Eles conseguiram colher 69,3 sacas por hectares do feijão Predileto, um resultado considerado extraordinário pelo extensionista da Epagri no município, José Kauling Sobrinho. “Foi absurdo”, comemora ele. A família também plantou o feijão Potência, cuja produtividade chegou a 46 sacas por hectare, um ótimo resultado, na avaliação do extensionista.
Sydney Antonio Frehner Kavalco, pesquisador e melhorista genético de feijão do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), concorda com Kauling, ao afirmar que os resultados obtidos pela família Vitorino são bons. Em ensaios, esses feijões costumam produzir cerca de 50 sacas por hectare na safra de verão, o que fica na média alcançada pela família de Bom Retiro, no caso do Potência.
A colheita alcançada pelos Vitorino do feijão Predileto impressionou até o pesquisador. “Foi muito boa”, atesta ele, que atribui os bons resultados à rusticidade da semente da Epagri e ao clima. Ele acredita que a lavoura da família deve ter recebido a quantidade de chuva correta no momento adequado, especialmente no caso do Predileto.
José Altamiro Vitorino, sua esposa Verônica, e o filho Vinicius, semearam 1,5kg de cada variedade de feijão, em duas áreas de 310m² cada. Em 19 de fevereiro aconteceu a colheita, que rendeu 129,5kg no caso do Predileto e 86kg no Potência.
O cultivo aconteceu numa área de encosta corrigida com calcário há cinco anos, onde a família produziu cebola historicamente e há cinco só vinha plantando milho na safra de verão. Para cultivar o feijão a família usou aveia dessecada como planta de cobertura e ao longo do ciclo fez uma aplicação de herbicida e uma adubação com uréia.
O extensionista da Epagri revela que seguirá dando toda a assistência técnica necessária às famílias rurais que se interessaram em cultivar os feijões, especialmente os Vitorino, já que esta propriedade é uma Unidade de Referência Técnica (URT). URTs são propriedades de agricultura familiar que a Epagri seleciona para implantação de tecnologias, e que depois servirão como modelos para outras famílias agricultoras.
Kauling explica que a produção de feijão pelas famílias agricultoras de Bom Retiro se dá basicamente para autoconsumo, sendo o restante vendido na vizinhança. Assim, o produto garante a segurança familiar no meio rural do município. Mas, diante do bom preço que o produto vem alcançando no mercado, ele entende que área plantada com o grão pode crescer no município nos próximos anos.
Bom Retiro é um município da região serrana de Santa Catarina que tem na agricultura uma das principais fontes de renda. A cebola é o produto mais cultivado nas propriedades familiares rurais locais. O escritório da Epagri no município atende cerca de 500 famílias agricultoras.
Programa de melhoramento genético da Epagri
Além dos feijões SCS206 Potência e SCS204 Predileto, do grupo preto, a Epagri/Cepaf também desenvolveu os cultivares SCS207 Querência e SCS205 Riqueza, do grupo carioca. O pesquisador Sydney Kavalco adianta que o Cronos, também preto, já tem registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e deve ser lançado em 2025.
O foco do programa de melhoramento genético da Epagri é obter, via seleção e cruzamentos, variedades mais produtivas, com características superiores às que já estão disponíveis para os agricultores. Por isso, a alta produtividade é uma das principais vantagens dos cultivares de feijão da Epagri.
Os feijões da Epagri também apresentam tolerância e resistência a doenças, o que demanda menos fungicida no campo, tornando a lavoura mais sustentável em termos ambientais e econômicos. A tolerância à estiagem é outra vantagem. “Esses cultivares vão superar melhor esses obstáculos e também vão manter o potencial produtivo frente a períodos curtos de seca”, detalha Sydney.
Mais de 50 localidades de Santa Catarina contam com URTs de feijões desenvolvidos pela Epagri. Agricultores catarinenses interessados em fazer de sua propriedade uma URT nesta tecnologia devem procurar o escritório da Epagri em seu município para tratar do tema já para a próxima safra, que inicia em outubro.
O pesquisador da Epagri/Cepaf explica que as sementes disponibilizadas para URTs de feijão possuem tratamento contra insetos e doenças e são produzidas na unidade de pesquisa, que fica em Chapecó, com alto controle de patógenos e de pureza. “A Epagri não recomenda a utilização de sementes salvas, tampouco a troca de sementes entre agricultores, pois não é possível atestar a qualidade e origem desses grãos produzidos”, alerta.
Por Epagri – Sou Agro
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