Como o mercado se comportou?

3 de maio de 2023

Grão Direto, startup agro referência na comercialização digital de grãos, prepara um relatório com análises de mercado sobre soja e milho.
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COMO O MERCADO SE COMPORTOU?

O plantio de soja nos Estados Unidos na safra 2023/24 está avançando
rapidamente, atingindo 9% da projeção total em comparação com 4% da
semana anterior, de acordo com o USDA. A taxa supera o mesmo período do
ano anterior e a média dos últimos cinco anos.

Movimentações de compras da Argentina, EUA e China foram acompanhadas
de perto pelo mercado, reforçando a tese de que a soja brasileira
encontra-se bem atrativa.

O dólar apresentou queda durante a semana devido a uma combinação de
dados econômicos, como a desaceleração do crescimento e o aumento de
gastos dos consumidores nos EUA, além do aumento de desemprego no
Brasil. Dessa forma, encerrou a semana cotado a R$ 4,99 (-1,38%).

Diante disso, o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana
sendo cotado a U$ 14,45 o _bushel_ (-2,50%) e o contrato com
vencimento em julho/23 encerrou a U$ 14,19 o _bushel_ (-2,07%).

Com a queda do dólar somada à queda de Chicago, a semana fechou com
desvalorização, em relação à semana anterior.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

As previsões climáticas nos Estados Unidos, de acordo com Associação
Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), se mostram favoráveis para o
avanço do plantio, visto que apresentam um aumento de temperatura para
a próxima semana. Os estados de Iowa, Illinóis e Indiana, famosos por
seus grandes volumes de produção, tiveram um grande avanço de plantio
na última semana. 

Pelas previsões climáticas para esta semana,
poderão ter um avanço muito maior na área plantada, trazendo mais
segurança para os produtores, pelo fato do plantio estar acontecendo
dentro da janela ideal da cultura e também dentro da janela de seguro
das lavouras.

O Brasil exportou 3,35 milhões de toneladas a mais no mês de abril
quando comparado ao mesmo período do ano passado, de acordo com a
Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
Historicamente, maio é um mês no qual as exportações brasileiras
começam a diminuir, mas como abril trouxe chuvas que causaram uma
diminuição no ritmo de operação dos principais portos, muitos
embarques foram prorrogados.

A Argentina pretende realizar mais compras de soja no Brasil. Perante
sua grande quebra de safra, a Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA)
pode trazer mais um corte na produção estimada de 22,5 milhões de
toneladas. Os esmagadores argentinos já reduziram o ritmo de
funcionamento, por não conseguir soja com qualidade mínima para
processamento, e a saída está sendo comprar soja brasileira. 

Segundo Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, mais uma redução na
expectativa de produção confirmará que o país vizinho terá de
comprar mais soja brasileira.

A soja vai competir por espaço de armazenagem com o milho, e isso será
um ponto decisivo para o produtor braisliero a partir do início do mês
de junho, que é quando o milho começará a chegar em volume no
mercado. Muitos armazéns colocam o dia 31/06 como a data limite para
armazenagem de soja, e, por esse motivo, o mês de maio pode trazer
volumes maiores de vendas quando comparado ao mesmo período do ano
passado, segundo Ruan Sene.

Reuniões do FED e do Copom acontecerão no início desta semana, e há
uma expectativa de que o banco central dos Estados Unidos aumentem as
taxas de juros do país em 0,25 pontos percentuais, elevando os
patamares para o intervalo de 5% a 5,25%, o que é bastante elevado e
influenciará principalmente nas cotações das commodities.

E para o Brasil? O aumento nas taxas de juros poderá elevar também os
fretes no Brasil, e consequentemente pressionar os prêmios para baixo,
causando uma permanência das quedas das cotações das commodities.
Diante disso, o dólar pode manter sua tendência de queda nesta semana,
ainda relutante em se manter na faixa de R$ 5,00, mas a decisão do
Banco Central será fator decisivo para determinar o rumo da moeda.

De acordo com Ruan, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de
valorização, respaldado pela valorização dos derivados de soja
(óleo e farelo), somado a uma alta demanda de exportações
brasileiras.

Mercado do Milho

COMO O MERCADO SE COMPORTOU NA ÚLTIMA SEMANA?

O plantio de milho nos Estados Unidos na safra 2023/24 seguiu avançando
rapidamente, atingindo 14% da projeção total, de acordo com o
Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Isso representa um avanço
de 7% em relação ao ano anterior e 11% em relação à média dos
últimos 5 anos.

A semana também foi marcada por uma série de cancelamentos de compras
de milho dos EUA pela China, possivelmente aguardando a chegada da
segunda safra brasileira, que encontra-se em boas condições de
desenvolvimento.

O plantio da segunda safra brasileira foi finalizado, de acordo com a
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Diante disso, as cotações
de Chicago finalizaram a semana sendo cotadas a U$ 6,35 o bushel
(-4,08%) para o contrato com vencimento em maio/23. O mercado físico
brasileiro teve mais uma semana de desvalorização.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

Exportações brasileiras em queda. Na terça-feira (02/05), a
Secretaria de Comércio Exterior (Secex), trará o fechamento dos
números de exportação do mês de março que, de acordo com as
estimativas, deve fechar com volume acima de 600 mil toneladas. 

Caso se confirme, será um volume menor que o mês de março de 2022, quando o
Brasil exportou pouco mais de 690 mil toneladas, porém, no acumulado
(janeiro a março) deste ano houve um aumento de 178% em relação ao
ano passado. Esse número já era esperado, diante dos altos volumes
exportados nos meses anteriores. Sendo assim, de acordo com Ruan Sene,
analista de mercado da Grão Direto, a retomada do ritmo de
exportações deve acontecer no segundo semestre, com a chegada da
segunda safra de milho.

O clima no Brasil seguirá favorável. Diante do desenvolvimento da
segunda safra de milho no Brasil, o mercado seguirá atento às
condições climáticas. Segundo informações do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet), há previsão de chuvas significativas para a
região Norte do Brasil, já para as outras regiões, a previsão é de
predominância de sol, com pancadas de chuvas esporádicas. Temperaturas
amenas devem permanecer no Sul do País.

O clima nos EUA continuará favorecendo o plantio. Para os EUA, de
acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), a
região norte do cinturão produtor deve ter temperaturas mais altas,
podendo favorecer o início do plantio. Há previsões de chuvas mais
intensas na região sul do cinturão, e para o restante, chuvas
isoladas.

Renovação do acordo no Mar Negro ainda é incerto. Com a proximidade
do fim do acordo de exportação do Mar Negro, mercado ficará atento
aos pronunciamentos das lideranças russas e ucranianas, diante da
importância dos países no suprimento de milho e trigo, principalmente.


Porém, diferentemente do ano passado, hoje, existem países que
conseguem suprir grande parte da ausência da Rússia e Ucrânia no
mercado de milho, entre eles, está o Brasil, que se encaminha para uma
produção extremamente significativa da safra em evolução.

China continuará no centro das atenções. Diante dos cancelamentos de
compra de milho da China na semana anterior, o mercado continuará
observando esses acontecimentos, receoso de que aconteçam novas
rescisões, e o número aumente ainda mais. Isso poderá ser
interpretado positivamente pelo mercado brasileiro, podendo refletir
positivamente nas cotações.

As cotações poderão ter uma semana de pouca oscilação. Com a
ausência de novos fundamentos para o milho, as cotações devem ficar
estáveis durante a semana, podendo ter atingido um limite máximo de
desvalorização.

Por Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto.

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