Há seis anos, a professora Aidê de Oliveira fugiu do perímetro urbano de Rondonópolis para a zona rural. Aproveitando a aposentadoria do esposo, o casal comprou um sítio de um alqueire na Comunidade João do Fecho, mas a terra era arenosa e improdutiva. A realidade mudou após orientações da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT). Em um ano, o que era considerado, pela própria produtora, como deserto se tornou agrofloresta.
Antes de depois da propriedade
Mandioca, mamão papaya e formosa, hortaliças e verduras como beterraba, quiabo e maxixe são alguns dos alimentos cultivados no Sítio da Dedê, como é carinhosamente chamada. “Era como areia da praia, não conseguíamos produzir nada. Hoje a produção é tanta que até vendemos, porque não conseguimos consumir tudo”, afirmou a produtora.
Segundo o técnico de campo credenciado ao Senar-MT, Leonardo Caino, foi realizado um trabalho para alterar as propriedades do solo. “Produzimos matéria orgânica e preparamos o solo com folhas, galhos e aproveitamos a compostagem que ela já fazia”.
Ainda de acordo com o profissional, na propriedade foi desenvolvido o sistema de agrofloresta que consiste em um método em que as árvores são manejadas junto ao cultivo de outras culturas. “Elas nunca crescem ao ponto de se tornarem uma floresta, mas sempre são podadas para gerar matéria orgânica para o cultivo de hortaliças”, explica.
Em um ano e três meses de atendimentos da ATeG, a área de cultivo aumentou gradativamente. De zero, alcançou 210m², 600m² e atualmente chega a um hectare, graças ao aumento de produtividade do solo. A expectativa é ampliar ainda mais o cultivo no sítio. “Ainda temos espaços que são arenosos, por isso, a nossa meta é transformar as outras partes da propriedade também em agrofloresta”, destaca a produtora.
Aos 58 anos, Aidê demonstra gratidão à assistência técnica que conheceu por meio dos vizinhos, mas ressalta que grande parte do sucesso se deve à força de vontade do produtor rural. “O técnico oferta a orientação, mas se você não colocar em prática, nada vai mudar. É preciso traçar um objetivo e trabalhar muito para alcançar o resultado”, afirma.
Um exemplo de meta traçada foi a sua estratégia de negócio que abriu ainda mais o leque de oportunidades de comercialização: todos os produtos do Sítio da Dedê são 100% orgânicos. “Vou começar a vender para um grupo de coprodutores de uma comunidade que defende o consumo de alimentos orgânicos. Eles levam cestas de produtos semanalmente ou quinzenalmente e como temos poucos produtores orgânicos, a demanda é grande”.
A renda da família que antes vinha da aposentadoria do marido, hoje é incrementada com a produção do sítio. A satisfação em ter uma propriedade produtiva é tão grande, que as conquistas são comemoradas nas redes sociais @organicosdadede, nas plataformas do instagram e youtube. “Não ganho nada para divulgar o trabalho, mas se eu puder contribuir para que mais pessoas tenham conhecimento, já fico muito feliz”.
Primeiro passo – Segundo o engenheiro agrônomo e técnico credenciado ao Senar-MT, Leonardo Caino, ainda há muitos produtores rurais que não acreditam em melhorias com baixo investimento. “Muitos pensam que precisa encher o solo de fertilizante ou, às vezes, não começam porque acham que vai demorar muito para colher os frutos. O segredo não é fazer muita coisa, mas poucas coisas e bem-feitas”, destaca.
A Assistência Técnica e Gerencial do Senar-MT atende produtores rurais em 13 cadeias produtivas em todo o estado. Dentre elas a olericultura, cujo supervisor da ATeG é o Thiago Salapata, e da qual Aidê é atendida.
ATeG
A ATeG é ofertada sem custos aos participantes. Os interessados devem apenas entrar em contato com o Sindicato Rural que atende a sua cidade, solicitar atendimento e aguardar formação de turmas de produtores na mesma região.
Por Senar
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