Quando criança eu colecionava figurinhas, papel de carta (quem ainda usa isso?), selos (de carta escrita à mão e enviada pelo correio, sabe? Na minha época não havia adesivos ou carimbos, para substituí-los)…
Também adorava fazer quebra-cabeças. Eu tinha todo um ritual: abrir a caixa, espalhar as pecinhas, com cuidado, em lugar onde estivessem seguras, começar montando a borda primeiro, para se ter uma noção das dimensões, em seguida fazer escolhas específicas, por cores, tonalidades…
Claro que o resultado era um momento fascinante também, mas o que me cativava era o processo.
Muitos anos mais tarde fui a trabalho à Índia, uma experiência incrível! Em certo momento de minha visita ao Taj Mahal o colega da área comercial da empresa, que me acompanhava, compartilhou sua interpretação da espiritualidade: importante que todas as religiões sejam respeitadas, pois cada uma era uma peça importante de um grande quebra-cabeças, e apenas ele completo representaria a verdade absoluta.
Me identifiquei demais com essa filosofia! Extraordinário como a vida nos envia “sinais” constantemente, só precisamos prestar atenção e aceitar as mensagens.
Há quase 30 anos me dedico à Sustentabilidade e suas derivações, especialmente no mundo Agro. Às tentativas do setor de comunicar melhor suas intenções e práticas, de mostrar sua relevância, as suas contribuições ao nosso dia a dia, seja na alimentação, no vestuário (por exemplo o algodão), na locomoção em forma de combustíveis, no setor moveleiro, na energia e tantas outras “funções”, como dizemos no ambiente de avaliação de ciclo de vida.
Após os gigantescos desafios impostos pela pandemia e a guerra da Rússia contra a Ucrânia, temos as dramáticas manifestações da natureza, extremos climáticos e a noção de nossa imensa vulnerabilidade, escassez hídrica e declínio da biodiversidade, responsável por tantos serviços ambientais. Transversal a tudo isso, os impactos sociais, insegurança alimentar, exposição a/e retorno de doenças, substituição de trabalho humano por soluções de inteligência artificial…
Quando prestamos atenção a esses sinais e percebemos que precisamos rever a forma como produzimos e consumimos, especialmente através de parcerias e cooperação (ODS17), qual peça, “perspectiva”, “expectativa”, “ponto de vista”, “experiência” está faltando, para a combinação de todas fazer sentido e, assim, alcançar o objetivo?
“Puzzle” em inglês, alemão, francês ou italiano, remetendo a algo intrigante, é “quebra-cabeça” em português, ou “rompecabezas”, em espanhol, denota algo complexo, levando quase à exaustão. Essa complexidade tem em comum as competências da paciência, perseverança e disciplina, acompanhadas de pensamento estruturado, e o poder da observação aos mínimos detalhes.
Agora te convido a refletir: o que te deixava profundamente feliz e realizado/a quando criança? Qual competência era natural, fluía? O que você faz como profissional hoje em dia? Remete, “pede” isso de você? Te reconhecem e recompensam por isso?
Por Sonia Karin Chapman
Diretora Chapman Consulting
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