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Presas no paraíso

... paraíso para quem? E até quando?
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Presas no paraíso

Este é um relato das consequências das Mudanças Climáticas. Não na teoria, em algum lugar afastado, mas aqui, na nossa cara.

Decidimos substituir a tradicional celebração de encerramento de ciclo na escola, por uma viagem de celebração da água, da vida, da natureza. Desejo atendido: a vazão das Cataratas estava gigantesca, um espetáculo para os olhos e a alma – para quem estava em local seguro. No noticiário, imagens das inundações no estado, consequência das fortes chuvas, e da falta de planejamento e adaptação.

Tivemos o privilégio de conhecermos as instalações de Itaipu, um milagre da engenharia, e um exemplo do que somos capazes de fazer, para satisfazermos nossa (crescente!) demanda por energia. Penso, imediatamente, nas minhas palestras e aulas sobre o equilíbrio entre o IDH (o Índice de Desenvolvimento Humano, sinônimo de qualidade de vida e cidadania, é composto pela expectativa de vida, renda familiar os anos na escola) e a Pegada Ecológica (nossa necessidade de recursos, para os produtos e serviços, que consumimos).

O passeio que fizemos permite entrar até a sala de controle, a única usina no mundo, que proporciona esta experiência. Ali nos contam que a troca/atualização de sistema, já programada, demandará um longo tempo, considerando as implicações de segurança – dos que ali trabalham, das comunidades do entorno e dos que dependem do fornecimento de energia.

Última parada do passeio: o “ladrão“ de Itaipu. Onde toda a tecnologia se rende ao excesso. Ironicamente, a imagem da represa que mais “vende“, uma jogada de Marketing, como explica o guia.

Providencial, também, a possibilidade das pessoas poderem se render ali ao consumismo, devido à proximidade com o Paraguai.

Na véspera de nosso retorno para casa, fui informada pela linha aérea, por WhatsApp, que nosso voo havia sido alterado para dali a dois dias (!?), sem justificativa alguma. Ah, mas eu tinha opções! Entrei no link, para averiguar: retornar dali a dois dias (…). Apoio da agência: aceite o quanto antes esta opção, para não ter que voltar ainda mais tarde.

Presas no paraíso! Um misto de sentimentos: que chato – só que não. Estávamos em segurança, acomodadas, e tínhamos apoio para cuidar de nossa casa por mais dois dias.

Venho refletindo demais sobre a fragilidade desse paraíso (ou: de nossa existência nesta Terra):

  • Aliar ações de preservação e turismo promove pessoas transformadas? Cidadãos melhores?
  • Inconformada com a falta de justificativa, pesquisei no Google e soube que, naquela semana, a empresa aérea havia sofrido avarias em dois aviões, devido às tempestades de granizo, que as aeronaves encontraram em seus caminhos. Estamos preparados para identificar, reconhecer, enfrentar e comunicar manifestações climáticas, que comprometem a segurança de nossos clientes?
  • No Brasil temos legislação que gere a relação de consumo. É direito do consumidor solicitar ressarcimento, como no adiamento do show da Taylor Swift no Rio de Janeiro, devido às altíssimas temperaturas. Nos Estados Unidos, seguradoras estão se recusando a cobrir determinados sinistros, devido à evidência de “novo normal“, como incêndios. Estamos preparados para adaptar a legislação, e como (re)definimos a responsabilidade de cada um?

Sonia Karin Chapman

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