Atentos aos efeitos do calor intenso e da estiagem que afeta o Noroeste gaúcho, extensionistas da Emater/RS-Ascar reforçam ações de orientação em relação ao manejo animal, junto às famílias rurais assistidas, na região de Santa Rosa.
Somente na área de bovinocultura de leite, foram assistidos pela Emater/RS-Ascar 2.824 produtores ao longo de 2022, nos 45 municípios da região administrativa de Santa Rosa, em áreas como criação de terneiras e novilhas para incorporar genética no rebanho, gerenciamento da atividade, implantação e manejo de forrageiras no sistema à base de pasto em pastoreio rotacionado, irrigação de pastagens, manejo sanitário do rebanho e melhoria da qualidade do leite, dentro das Instruções Normativas (INs) 76 e 77. Com a atenção continuada que os produtores têm dispensado nestas áreas, diminuiu-se os impactos na produtividade, mesmo no período de estiagem. Houve redução, mas menor do que em anos anteriores.
A atenção deve continuar para gerar bem-estar aos animais e maior produtividade, orienta o extensionista do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, Jorge João Lunardi, ao lembrar que as ações têm dado resultado, sendo que, mesmo com a estiagem, a redução na produção em janeiro de 2023 é de 1%, se comparada à média histórica dos últimos cinco anos, neste mesmo mês. De qualquer modo, o calor interfere na produtividade das vacas, com diminuição de 5,4% de novembro para dezembro de 2022 e de 8,8% de dezembro de 2022 para janeiro de 2023 na região.
O gerente regional da Emater/RS-Ascar, José Vanderlei Waschburger, destaca o trabalho continuado que é realizado para que as orientações técnicas cheguem a um maior número de produtores e, assim, sejam adotadas estratégias para os desafios que surgem nas diferentes estações do ano. A Emater/RS-Ascar utiliza na região metodologias como implantação de 35 Unidades de Referência Técnica (URT’s), organização de produtores em grupos temáticos, realização de dias de campos, palestras, cursos, visitas e participação em feiras. Também é facilitado o acesso a políticas públicas de crédito, de agregação de valor e acesso a tecnologias.
Orientações para o conforto térmico dos animais
O calor intenso e contínuo pode influenciar na queda da produção, perda de peso, baixa imunidade, problemas reprodutivos, surgimento de doenças infecciosas e parasitárias, enfim, diversas perdas em bem-estar, em sanidade e também econômicas. Diante disso, é importante adotar medidas que proporcionem maior conforto térmico aos animais.
Em relação ao manejo de vacas leiteiras, recomenda-se melhorias no sombreamento, com opções como o sistema silvipastoril, que congrega a combinação intencional de pastagens, árvores e gado. Nos casos em que não há este tipo de sistema, deve-se manter os animais próximos a abrigos, como matas e bosques, ou até mesmo fazer uso de sombrites.
Lunardi destaca que entre os sintomas de estresse calórico no rebanho estão a diminuição na produção de leite de 10 a 30%; frequência respiratória acima de 80 movimentos por minuto, com presença de baba, em 70% dos animais do lote; temperatura retal maior que 39,2ºC em 70% dos animais do lote ou acima de 39ºC por mais de 16 horas seguidas; redução de pelo menos 10 a 15% na ingestão de alimentos; e aumento do consumo de água.
A água limpa e de qualidade deve ser estar sempre disponível nos piquetes, em bebedouros dispostos na sombra. No verão, a quantidade de água necessária aumenta em 50%, sendo que cada vaca em lactação necessita em média 120 litros de água por dia.
Nas propriedades em que há o sistema de pastoreio rotativo, pode-se otimizar os pastoreios à noite e nos horários mais amenos do dia. Da mesma forma, a ordenha deve ocorrer nos períodos do dia com temperaturas mais amenas. Entre as alternativas que podem ser adotadas para o maior conforto no momento da ordenha está o uso de aspersores e de ventiladores nos galpões, os quais devem ser usados de forma associada.
Nesta época de calor, pode-se adicionar na dieta dos animais alimentos com alto teor de óleo ou gordura, sem ultrapassar 7% da dieta total. Também é recomendado aumentar a porcentagem de minerais na ingestão de matéria seca total, uma vez que o calor provoca perda excessiva de minerais através do suor e saliva, é necessário fazer a sua reposição. Ainda é necessária atenção ao fornecimento de potássio, sódio, selênio, magnésio e vitaminas do complexo B. Busque orientações da assistência técnica em relação às quantidades.
Outro ponto que merece atenção é o parcelamento dos alimentos ao longo do dia, reduzindo a quantidade por refeição, para evitar o aquecimento e a deterioração do alimento. É interessante que se disponibilize maior quantidade de alimento durante as horas mais frescas do dia.
Estratégias como melhoria genética, com animais mais apropriados para o clima e adoção de tecnologias como irrigação, também devem ser buscadas para minimizar os impactos sobre a produção agropecuária.
Por: SouAgro
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