Na agropecuária, a busca por mais produtividade sempre foi uma obsessão de nossos produtores, visando aumentar a produção sem necessariamente ocupar mais terras e produzir em áreas tidas como de baixa fertilidade. O Brasil, com investimentos em inovação, tecnologia e pesquisa, tem feito com que a produção cresça ano após ano.
Agora, o País caminha para mostrar como a agricultura pode impulsionar ainda mais a captura de CO2 e combater as mudanças climáticas, acelerando o aumento da produtividade.
Em recente reunião do Conselho Superior do Agronegócio (COSAG) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Roberto Perosa, destacou que a agropecuária nacional, que segue registrando aumentos de produção, ao mesmo tempo é responsável por 33,2% da área do território brasileiro destinado à preservação. Ou seja, mais de 22% do País tem vegetação nativa preservada dentro de terras privadas.
O mesmo estudo, da Embrapa Territorial, identificou 160 milhões de hectares de pastagens, sendo 100 milhões consideradas pastagens com algum grau de degradação. Desse total, entre 40 e 50 milhões de hectares foram mapeados como áreas com aptidão para agricultura.
Diante disso, o MAPA já encaminhou um decreto criando o Programa de Conversão de Pastagens Degradadas em Áreas Agricultáveis, que foi publicado em 05 de dezembro, dia seguinte à citada reunião na Fiesp. O programa prevê a recuperação de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, com investimento de US$ 120 bilhões ao longo dos próximos dez anos. Financiamentos serão oferecidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil (BB), instituições com capilaridade no agronegócio para incentivar o manejo ao pequeno e médio produtor.
Se o Brasil já conseguiu produzir mais sem necessariamente aumentar a área plantada, qual o sentido do programa para regenerar pastagens degradadas?
A verdade é que, segundo dados da Embrapa, considerando o balanço de emissões de carbono pelo solo no setor agropecuário, as pastagens bem manejadas têm maior potencial de mitigação de emissões e captura de carbono que florestas plantadas, por exemplo. E a Embrapa desenvolve tecnologias para a recuperação e conversão de pastagens desde 2010, quando foi criado o Plano ABC para agricultura de baixo carbono.
Desse modo, além da aumentar a produtividade, ganha o meio ambiente com a regeneração de pastagens degradadas. Na lavoura, espera-se incremento de até 61% da produtividade para grãos, especialmente soja e milho, após o prazo de cinco anos. São áreas de baixa produtividade que serão recuperadas, produzindo mais e colaborando de forma decisiva para a essencial captura de CO2.
É a transformação gradual do Brasil na maior potência agroambiental do planeta.
Por: Jacyr Costa Filho é presidente do Cosag – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, sócio da Consultoria Agroadvice e conselheiro de empresas.
De: Jornal da Cana
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