O algodão brasileiro, uma cultura que a cada ano vem dando saltos de produção, produtividade e qualidade recebeu esta semana uma das mais aguarddas noticias. O governo egípcio, através do órgão oficial de Quarentena Vegetal, abriu o mercado para o Algodão em Pluma do Brasil, definindo os requisitos fitossanitários para a importação do produto.
Essa foi a primeira abertura de mercado registrada pelo Brasil em 2023. E a possibilidade de entrada no mercado do Egito tem mais significado pela chancela do que pelos negócios.
O termo “algodão egípcio” é sinônimo de algodão para produtos de luxo e de elevada qualidade, devido, sobretudo ao seu comprimento, maciez e resistência. Estas características, por sua vez, advêm do clima em que este algodão é cultivado: o clima egípcio, particularmente no delta do Nilo, apresenta as condições ideais para criar fibras extra-longas (em inglês, “extra-long staple” ou ELS), de maior durabilidade, suavidade e que permitem criar um tecido com maior contagem de fios.
O Brasil é considerado um caso de crescimento internacional. Em 2000, país produziu dois milhões de toneladas. Em 2020, produziu sete milhões de toneladas. Em 2021 o Brasil passou a ser o quarto maior produtor mundial atrás apenas da Índia, Estados Unidos e China, tradicionais produtores globais.
As negociações para a abertura do mercado iniciaram em 2006 sendo intensificadas a partir de 2020, resultando finalmente agora na abertura do mercado. Para 2023, o plano da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) é alcançar 1,7 milhão de hectares, superando a área da safra recorde de 2019.
O Egito importa aproximadamente 120 mil toneladas de algodão em pluma anualmente, sendo os maiores fornecedores Grécia, Burkina Faso, Benin e Sudão. O Brasil pode-se beneficiar de uma janela de oportunidade entre os meses de julho e setembro, já que as exportações gregas só se iniciam em outubro. Estima-se que o Brasil tenha potencial para atender, a princípio, 20-25% da demanda egípcia.
Devido às características já referidas da maciez, resistência e força provenientes das fibras extra-longas, e inclusive dado o fato de que algodão egípcio, se for bem cuidado ao longo dos anos, ficar mais macio com a idade mantendo a mesma resistência, o algodão egípcio é classificado como um produto de luxo e tem uma reputação inigualável.
Na verdade, o algodão egípcio corresponde a apenas 0,5% da produção mundial de algodão, aumentando ainda mais o seu estatuto de luxo e raridade.
Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro essa abertura de mercado representa o reconhecimento da qualidade do produto brasileiro. “Quem não quer comprar uma camisa ou um lençol com a qualidade do algodão egípcio? Se o Brasil vai exportar para o Egito significa que tem qualidade, tem credibilidade e tem respeito. Ao receber essa habilitação para exportar para o Egito, recebemos a chancela de qualidade do algodão brasileiro para o mundo todo”, disse.
Aumento na produção de algodão
O crescimento da produção de algodão nos últimos anos pode ser atribuído a três razões principais. Embora o cultivo seja mais difícil e oneroso, é mais lucrativo do que a soja. Do plantio até o pagamento pelo produto vendido, os produtores esperam cerca de um ano. Demora, mas, segundo eles, a renda compensa. O lucro obtido em um hectare de algodão equivale ao de quatro hectares de soja.
Cerca de 65% do algodão no Brasil é plantado como segunda safra, entre os cultivos de soja e milho. É por isso que as maiores colheitas ocorrem em regiões de predomínio dessas culturas, como Mato Grosso, Goiás e Bahia.
Outro motivo da alta é a demanda. Com a redução do home office e a retomada das atividades sociais e profissionais pelo mundo, a indústria têxtil vai recuperar o fôlego e continuar em alta. Há, ainda, uma razão prática. O algodão precisa de uma quantidade elevada de defensivos agrícolas, o que deixa a terra mais preparada para receber a cultura seguinte.
Por JC Negócios
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