A balança comercial brasileira continuará em alta nos próximos anos, impulsionada pelos setores estratégicos de petróleo e agronegócio, revela um estudo conduzido pela economista Iana Ferrão, do BTG Pactual, e antecipado para o Valor. Embora a projeção aponte para um superávit ligeiramente menor em 2024, devido à redução na safra agrícola e à diminuição dos preços das commodities, a economista ressalta que o cenário permanece robusto.
Para o ano corrente, o BTG Pactual estima um superávit de US$ 95 bilhões, o patamar mais alto da série histórica, representando um aumento de 50% em relação ao recorde anterior registrado em 2022. A previsão para 2024 é de um superávit de US$ 87 bilhões, sustentado, em grande parte, pelo crescimento contínuo na produção de petróleo na camada do pré-sal e pelo aumento da produtividade no setor agropecuário.
A possível redução no saldo em 2024 é atribuída principalmente à menor safra agrícola, com destaque para a soja, e à queda nos preços das commodities. Contudo, fatores como a desaceleração da atividade doméstica e a diminuição dos preços das importações tendem a amortecer significativamente qualquer impacto negativo no superávit comercial.
O estudo também destaca a perspectiva favorável para a balança de petróleo e derivados, projetando um aumento de US$ 21 bilhões em 2022 para US$ 50 bilhões em 2029, mesmo com projeções conservadoras. Esse crescimento é impulsionado pelo aumento significativo na produção de petróleo na camada do pré-sal, contribuindo para as exportações, mesmo diante da esperada redução nos preços.
Além disso, o estudo ressalta o papel fundamental da produtividade no setor agropecuário, destacando o Brasil como o país com o maior aumento de produtividade de 2000 a 2019, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Investimentos em bens de capital ligados ao setor agrícola e a reforma tributária do consumo são apontados como impulsionadores do aumento da eficiência e produtividade do setor a médio e longo prazo.
Desenpenho positivo da balança comercial brasileira
O estudo conclui destacando o papel do forte fluxo comercial em 2023 na manutenção do câmbio em torno de R$ 5, mesmo com o aumento nos juros longos americanos. O saldo comercial embarcado recorde de US$ 47 bilhões de janeiro a outubro de 2023 compensou a saída de US$ 23 bilhões no segmento financeiro, resultando em um fluxo cambial líquido positivo de US$ 24,1 bilhões, o mais alto desde 2011.
Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços indicam um superávit comercial de US$ 80,2 bilhões de janeiro a outubro de 2023, representando um aumento de 57,2% em relação ao mesmo período de 2022. Projeções de diferentes instituições convergem para superávits expressivos, consolidando a confiança no desempenho positivo da balança comercial brasileira nos anos vindouros.
Fonte: Valor Econômico
Por: Agência Agrovenki
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