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ABCZ fará parte de comitê de recuperação de pastagens degradadas

29 de fevereiro de 2024

Governo criou PNCPD para atuar em 40 milhões de hectares degradados
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ABCZ fará parte de comitê de recuperação de pastagens degradadas
Integra Zebu, da ABCZ, atua em MG, além de MT, GO e TO | Crédito: Divulgação/ABCZ

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), com  sede em Uberaba, no Triângulo Mineiro, vai integrar o Comitê Gestor Interministerial do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD). Instituído pelo governo federal no ano passado, o programa é visto como uma importante ferramenta para que o Brasil possa ampliar a produção agrícola e pecuária sem a necessidade de abertura de novas áreas e de forma sustentável. Para isso, haverá um trabalho para a recuperar áreas de pastagens degradadas. 

De acordo com o superintendente do Departamento Internacional da ABCZ e gestor do Integra Zebu – programa da associação implantado em fazendas do Brasil em 2020 -, Juan Lebron, a participação da ABCZ no comitê é importante. Isso pela associação ter forte atuação na pecuária brasileira, representando produtores e também trabalhando em busca do desenvolvimento sustentável da atividade. 

Segundo ele, o comitê está em fase de estruturação e vai ajudar na implantação do PNCPD. O programa tem o objetivo de promover a reforma de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas em todo o País.

“A participação da ABCZ  no Comitê é até natural. Isso porque a entidade representa grande parte dos pecuaristas do Brasil. Mesmo os produtores que não são associados se veem representados pela ABCZ. A entidade ganhou, ao longo do tempo, um status, de forma figurada, de “ministério da pecuária”, por representar, buscar e atender às demandas do setor. Por isso, é sensato que ela esteja dentro do comitê ”.

Celeiro do mundo

O programa do governo federal, conforme Lebron, será importante para o Brasil, que tem capacidade de ampliar a produção agrícola e pecuária de forma sustentável e sem a necessidade de abrir novas áreas. Com tecnologia e assistência técnica precisa, é possível recuperar áreas degradadas e as tornarem aptas tanto para a agricultura como para a pecuária. 

“O Brasil teve sua primeira revolução da pecuária nos anos de 1970, com a entrada das braquiárias, criação da Embrapa e profissionalização da indústria frigorífica. Então, essa revolução mudou a história do Brasil, do Cerrado e da pecuária. Estes fatores levaram o Brasil à liderança na produção agropecuária de forma geral. Mas, as pastagens que revolucionaram o País em 1970 foram se degradando. Depois veio a revolução agrícola, com a soja e o milho, principalmente, fazendo com que o Brasil passasse de importador para exportador de alimentos”.

Ainda conforme Lebron, há uma necessidade de o Brasil aumentar a produção para atender à demanda mundial e também uma pressão ambiental, onde é necessário produzir mais, em um menor espaço, sem desmatamento, cuidando do meio ambiente e sem abertura de novas áreas. Assim, a recuperação das pastagens e melhor uso das terras, inclusive com conversão para a agricultura, se tornou essencial. 

“Neste cenário, o Brasil tem a possibilidade de produzir mais sem abrir novas áreas. Temos as áreas de pastagens degradadas, que se recuperadas darão escala para isso acontecer. Então, vem inteligentemente a reforma das pastagens de 1970. Agora, vai acontecer para aumentar a produtividade da pecuária e também para dar mais espaço para a agricultura”.

Integra Zebu já promove a recuperação das pastagens degradadas junto aos pequenos produtores

Ainda que em escala menor, a ABCZ desenvolve um projeto que tem o objetivo de promover a recuperação das pastagens. Através das ações do programa Integra Zebu, há incentivo para que produtores de pequeno porte recuperem áreas de pastagens degradadas em todo o Brasil. A recuperação ocorre por meio da adoção dos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). 

Conforme a ABCZ, na primeira fase do projeto, em 2020, o programa contemplava 15 propriedades no Triângulo Mineiro. No ano seguinte, foi expandido para o Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, além dos estados do Mato Grosso, Goiás e Tocantins, passando a atender 30 fazendas. E de 2022 até agora, o número de propriedades participantes já passa de 70.

“O  Integra Zebu é uma iniciativa para recuperar as pastagens. Ele tem uma característica muito específica que é atender o pequeno produtor, que tem mais dificuldade técnica e financeira para adotar as ações de recuperação. O programa, além de reformar as pastagens, é quase um multiplicador de tecnologia. Quando é aplicado em uma unidade, pelos resultados positivos, acaba atraindo novos produtores”, explicou o superintendente do Departamento Internacional da ABCZ e gestor do Integra Zebu, Juan Lebron.

A coordenação do projeto é da ABCZ. A ações envolvem diversos parceiros, como a Emater-MG, Embrapa, Epamig e empresas privadas fornecedoras de insumos, como adubos, por exemplo. A participação é gratuita. 

Transferência de tecnologia

A pesquisadora da Embrapa Cerrado, Giovana Alcantara Maciel, explica que para atender os produtores participantes do Integra Zebu cerca de 360 profissionais das assistências técnicas receberam capacitação. Dentre as técnicas repassadas aos produtores está o plantio do milho consorciado com o capim.

“Com isso, nós garantimos o fornecimento do alimento volumoso ao longo do ano, tanto na forma de silagem como de pasto estabelecido”, disse Giovana.

Hoje, ao final do terceiro ano do projeto, são 72 unidades demonstrativas. Em quatro, que são de referência tecnológica, houve amostragens para avaliar a melhoria da qualidade de solo e o aumento da produtividade.

“Detectamos facilmente as melhorias. Monitoramos as unidades para entender como a adoção de tecnologias poderia trazer benefícios. Com isso, comprovamos melhorias de solo, de qualidade, de produtividade, de oferta de volumosos em geral. Assim, houve aumento na produção de leite e na lotação do número de animais por hectare”, conclui a pesquisadora.

Por Diário do Comércio

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