O 5G deve gerar US$ 25,5 bilhões em investimentos no mercado brasileiro até 2025, de acordo com a IDC Brasil. A tecnologia oferece muitas oportunidades para o agronegócio, com avanços na transformação digital e no uso de dispositivos inovadores, startups explorando novos mercados e aumento de competitividade.
A implantação de tecnologias, incluindo o 5G, pode aumentar o Valor Bruto da Produção (VPB) agropecuária em R$ 101,47 bilhões. No entanto, para a implementação efetiva da conexão, é necessário superar desafios burocráticos e de infraestrutura, bem como ter mão de obra qualificada.
“O agronegócio é um excelente gerador de receita, mas ainda tem uma deficiência muito grande de conectividade”, comentou Marcello Miguel, diretor-executivo de Marketing e Negócios na Embratel, durante o Fórum Estadão Think “5G em ação no Brasil”, promovido pelo Blue Studio Play.
Como o 5G pode transformar o agronegócio?
O 5G oferece soluções para desafios atuais e futuros, como a crescente demanda por alimentos e a necessidade de produção mais eficiente, sustentável e com qualidade. A conexão ultrarrápida permite automatizar processos como a colheita e o transporte de produção, tornando-os mais rápidos e seguros.
A tecnologia possibilita a coleta e a análise em tempo real de dados, como informações sobre clima, solo, produção e saúde dos animais. Em conjunto com a inteligência artificial (IA), é possível implantar sistemas de agricultura e pecuária de precisão para otimizar o uso de recursos como água, ração, fertilizantes e pesticidas.
Com o 5G, é possível também criar sistemas inteligentes de rastreabilidade que possibilitam acompanhar a jornada dos produtos desde o campo até o consumidor final. Isso favorece a criação de novos modelos de negócios, como a comercialização direta do campo para consumidores, o que ajuda a maximizar os lucros e reduzir o desperdício.
Conectividade dentro da fazenda na prática
A chegada do 5G deve liberar novas frequências para camadas de conexões menos rápidas, como 4G e 3G. Isso é importante porque nem todos os usos tecnológicos dentro da fazenda necessitam de maior velocidade. Uma medição de umidade e temperatura, por exemplo, requer baixa necessidade de troca de dados.
Por outro lado, os usos mais avançados precisam de uma conexão mais acelerada. “Uma pulverizadora analisa uma imagem durante a passagem e decide, em poucos metros, fazer ou não a aplicação do defensivo agrícola a partir da praga que foi identificada no local”, citou Murilo Barbosa, vice-presidente de Negócios da Ericsson para o Cone Sul e América Latina.
Na primeira propriedade rural com 5G do Brasil, a expectativa é que a tecnologia contribua para o crescimento de 20% na produção de grãos. A Fazenda Ipê, na Baixa Grande do Ribeiro (PI), é a unidade de produção agroindustrial mais avançada do País, com tecnologia de monitoramento em tempo real e diversos softwares para otimizar a eficiência.
Desafios da implementação do 5G no campo
A conectividade no campo enfrenta diversos obstáculos. “O primeiro desafio é internamente entender o processo e mudar o mindset”, considerou Miguel. Existe uma falta de visão de como a tecnologia pode ser aplicada para melhorar a competitividade das empresas, desde microindústrias até multinacionais.
A falta de acesso à energia elétrica e à internet em algumas regiões remotas é outro obstáculo para a implementação do 5G nas zonas rurais. A tecnologia demanda investimentos em novas torres de transmissão e outras estruturas de suporte, o que pode ser oneroso e demorado.
Outro desafio é a questão da segurança da informação. Com a quantidade de dados sensíveis que serão transmitidos por 5G, é importante garantir a segurança das informações para evitar vazamentos ou acessos não autorizados.